- Vierem de barco? Agora já há avião...
Ou... a burrice daqueles continentais que tinham preferido viajar das Lajes, na ilha
das Flores, para o Corvo na Lancha de Mestre Augusto...
Ainda por cima... a culpa era minha! Porque eu é que tinha convidado 20 companheiros da Comunicação Social para aquela incursão por diversas ilhas dos Açores.
Em vez de um rápido saltinho de avião de uma ilha para a outra, a opção de tactear os recortes da ilha das Flores
com Mestre Augusto ao leme, na contemplação de baías e falésias. E
depois, quando quase circundada a ilha se atreveram a mar largo e fundo,
escolta de golfinhos até ao Corvo!!!
O reboliço era total, com fotógrafos e operadores de imagem correndo de
uma borda à outra do convés à cata do melhor ângulo, da melhor vista: Das ilhas, do mar, do céu lindíssimo que estava e... daquele ajuntamento de golfinhos cabriolando em redor da embarcação.
Nesta excitação toda... a viagem esgotou-se num instante - já estava o Corvo à vista e iniciava-se a
manobra de aproximação.
• Saída das Lajes das Flores:
A Lancha encosta
no cais do Corvo.
Mestre Augusto
dirige a amarração.
Ainda mal o pé em terra e veio o tal comentário
disparado do grupo de corvinos que,
em cima do cais, espreitava a
cambada de
doidos do continente com manias de navegação de lancha... Agora que já havia avião!!!

Foram dias inesquecíveis.
Os jornalistas tiveram de ficar espalhados
por diversas casas da ilha... que a pequena pensão não tinha
capacidade para tão súbita procura. Houve quem fosse para casa do
carteiro, para casa do médico...
Eu, como organizador do
Passeio, fiquei na pensão. E lá tive de compartilhar o quarto com o José Quitério, do
Expresso.
Quer-me parecer que nenhum de quantos viveram essa aventura a irá
esquecer. E quando chegou o
Serão Corvino e as vozes se encontraram
com as violas descobrimos, que a
Saudade (que já ouvíramos cantada noutras ilhas,
e aqui recordamos à moda de São Jorge) ganha ambiências e sentidos quase cortantes no Corvo.
• Mulher com ilha em fundo...
Daí a uns anos regressaria para experimentar a emoção de
uma emissão de rádio em directo para a
Antena 1 - a minha
Feira Franca - a partir da mais pequena parcela de
terra habitada dos Açores.
Na altura - ainda não tinham chegado os telefones de satélite - uma proeza de telecomunicações apenas
possível pelo empenho dos homens da Portugal Telecom e dos meus
companheiros da RDP Açores.
Quem se deve recordar disso é o Nuno Ferreira (o do
Portugal a Pé) que levei comigo
à boleia.
• Nada como um fotógrafo
para estorvar
a amena cavaqueira
de um fim de tarde...
Tempos em que ainda me era permitido trabalhar na
Rádio Pública e eu ainda não
tinha sido despedido.
Um dia destes conto também isso. Aguardem!
• Imagens do Passeio de Jornalistas no Corvo, 1993
Fotos: Antunes Amor (direitos reservados).
Clique sobre elas para ampliar.
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