Figuras do Presépio invadem Monsaraz!

Imagem
Presépio gigante de rua, com figuras em tamanho real, regressa sexta-feira a Monsaraz. Pelas 11 da manhã, nas Portas da Vila, o Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz abre a festa com os seus Cantos de Natal. As Figuras do Presépio tomam conta de Monsaraz. E até aos Reis, a vila medieval é delas! Delas (de quantos a habitam e gostam!) e dos muitos milhares que vão passar por lá para ver Natal dentro de muralhas com vistas d'Alqueva Espraia-se pelas ruas da vila até ao Largo do Castelo. Aí ficará o conjunto principal: A Virgem, São José e o Menino Jesus. As outras figuras (ao todo são 48) distribuem-se pelas ruas da vila. Em tamanho natural, estruturas de ferro e rede, cobertas por panos de cor crua, pintadas em tons pastel, rosa velho e lilases. Caras e mãos feitas em cerâmica. Por lá vão estar os Reis Magos, o pastor, os guardas do castelo, o oleiro, o almocreve, a lavadeira e a fiadeira. E muito mais! Tudo impermeabilizado e tratado para aguentar a chuva. À noi

Lisboa, quase Rossio: A Kantina nas Chaminés do Palácio

Anda a passear pela Baixa de Lisboa. Resolveu espreitar umas montras no Rossio. Ou sentar-se apenas a fruir ambiente, cor e bulíçio...
Que diria a um almoço num palácio, logo ali? No ponta da Praça, ao lado do Dona Maria, bem defronte da Ginginha... 

Já se chamou Palácio do Roccio e Palácio de São Domingos (a igreja é logo ali...). Mas, como foi o local que albergou a Reunião dos Conjurados que derrubaram o traidor Miguel de Vasconcelos e haviam de expulsar a Duquesa de Mântua e outros apaniguados dos Filipes de Castela, acabaria por receber o nome de Palácio da Independência.
Pois... foi aí que me desafiaram para um jantar!

Fiquei desconfiado: já conheci tantos usos para aquelas paredes e salas que nunca ousei suspeitar-lhe virtudes refeiçoeiras. Conquistou-me a ideia de um jantar nas Chaminés do Palácio, que conhecia de outras andanças. Altas e largas o suficiente para cada uma delas albergar na base uma saleta de comedorias.

Vim a descobrir depois que Chaminés do Palácio era a designação do espaço onde tinha mesa marcada: uma Kantina (mesmo assim, com K e tudo!).

Lisboa estava com um bonito princípio de noite, o Rossio bem habitado, com predominância para os estrangeiros. Como tinha sido previamente avisado, nessa noite não fui de transporte público, franqueei o portão e deixei o carro instalado no estacionamento defronte. Fui informado mais tarde que isto só é possível à noite e ao sábado. De qualquer forma, com autocarro logo ali, comboio e metropolitano a 50 metros, será sempre fácil lá chegar.

Já no pátio interior do Palácio, fazendo-me à escadaria para o 1º andar - o das chaminés - recordei a vez mais recente que ali penetrara. Tinha sido no lançamento de um livro do velho amigo, Antunes Ferreira, "Crónica das minhas teclas". Agora a ida era bem mais prosaica... apenas um jantarinho!

Franqueada a porta, ultrapassada a 1ª sala (a de maior capacidade) lá busquei refúgio e instalação numa das chaminés. Enquanto me batia com uma tábua de enchidos e queijos do Alentejo, nas azeitonas não falo porque sou viciado, aproveitei para entender melhor aquele espaço, curioso que ficara com uma inscrição de parede que referia franchising social -  se o barbarismo já me é difícil de entender, a conjunção era um mistério. Foi-me explicado que a iniciativa era do INATEL - daí o conceito-marca de Kantina.

Da leitura da  Carta, a constatação de ser construída com pratos da cozinha portuguesa e assente na representação de todas as regiões gastronómicas nacionais.

Fiquei-me pelo zona Centro e pelas minhas memórias de Vila Nova de Poiares e Santa Comba. Alinhei na Chanfana e na arte de tornar excelsa uma coisa incomestível - a tal cabra velha e feia de que falam os livros. Só mesmo uma cozedura lenta em vinho tinto para conseguir tal milagre da restauração da carne - aqui não estou a fazer nenhum trocadilho com história, designação do palácio ou revolta contra os de Castela: Estava mesmo a usar o termo que os franceses criaram e banalizaram.

Para fazer companhia à carne e às batatas, talvez fosse mais acertado um néctar do Dão. Fiquei-me por um Doc de Vila Real que correspondeu ao que lhe foi pedido e desempenhou o seu papel com garbo e distinção.
Guloso como sou, não iria dispensar um remate de doces. Com prova de uma alentejana encharcada e de uma ribatejana tigelada.

Achei interessante - como agora se diz - o conceito do restaurante. E fiquei seduzido com aquela forma de apresentar o pratos na mesa: cantando uma estrofes de uma canção da região de onde provém o prato que vai ser servido. Diferente! Original!

Acabei curioso em relação à parte da ementa que não consegui experimentar. Convenhamos que é uma boa desculpa para lá voltar um dia destes... Agora que sei que posso contar com um espaço acolhedor mesmo ali no Rossio, não me vai escapar!


Comentários

Muita gente está a ler também:

Beijos, de Mário de Sá-Carneiro

Camané - "Ai, Margarida"